quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Um Alentejano na Maratona do Porto

Foto Runporto
Há 4 meses atrás aventurei-me na Ultra Maratona Atlântica – Melides » Tróia, uma experiência única, um desafio gigante e uma prova duríssima que nos leva até aos limites do corpo e da mente.
Mais do que os 43 quilómetros, a dificuldade e a magia desta prova tem um denominador comum: a praia. Uma praia enorme, bela e perigosa. E tal como uma mulher fatal, a praia deslumbra-nos com a sua beleza e encanto e ao mesmo tempo ilude e atrai-nos para um pântano sem retorno.


E ficou cá o bichinho das longas distâncias, andei um mês a sonhar acordado com as praias de Melides e Tróia.
Dias mais tarde, percebi que sou (mais) feliz quando corro, principalmente provas de longa distância. Percebi que correr para mim, é mais do que simples desporto ou um passatempo, correr é uma forma de estar na vida e uma paixão.

Dias depois a seguir a Ultra Maratona Atlântica, o meu bom amigo Luís Parro, lançou o desafio para o Porto. Eu prontamente, aceitei o desafio.
Inscrevi-me na Maratona do Porto. Isto é fácil, é apenas uma inscrição on-line, pagar e já está. A preparação para a maratona, até foi relativamente fácil, já tinha alguns treinos de longa distância, uma experiência positiva e muita vontade.

E tal como havia prometido a semana passada, fui para o Porto a procura da segunda prova de distância igual ou superior aos 42.195 km. Na bagagem levei: camisolas, calções, meias, um impermeável, dois pares de sapatilhas, vontade, muita vontade, motivação e treinos q.b., pelo caminho, abasteci em Lisboa mais motivação, força, carinho e uma companhia como não há igual. O apoio da Filipa foi inexcedível, a sua força levaram-me mais longe e dão-me tranquilidade para atingir os meus objectivos.

Obrigado Filipa!

Os 500 quilómetros que separam Ourique do Porto, fizeram-se bem na ida e revelariam-se muito penosos de cumprir na volta, mais por culpa dos 42.195 km que corri nas ruas da Cidade Invicta.

Chegado a capital do norte, segui imediatamente para o hotel. E daí para o Centro de Congressos da Alfandega do Porto, onde se realizou este ano a Expo Maratona. Levantei o kit de participante, e deixem-me dizer, que belo e apetrechado kit: mochila, t-shirt, boné, garrafa de vinho do Porto, etc.
.
Dia 6 de Novembro de 2011, dia da Maratona do Porto.

06h55: Levantei-me, tomei duche e equipei-me para prova.

07h25: Pequeno-almoço no hotel: torradas com doce, bananas, café, pão com fiambre e um bolo seco.

08h10: Dirigi-me para a partida, junto ao Palácio de Cristal.
(nota: fazia-se sentir um frio que chegava aos ossos)

8h30: Ligeiro aquecimento e posicionamento na cabeceira da partida.



8h50: Nos instantes que antecedem a partida, pensam-se muitas coisas, mas acima de tudo queremos partir o mais depressa possível. Decido nessa altura, em concordância com a estratégia delineada anteriormente, seguir o marcador de ritmo das 3h30, ou seja atletas com balões coloridos onde se identificam os ritmos que cada qual pode seguir, consoante as suas possibilidades – 3h15m, 3h30m ou 3h45m, etc.



 9h00: PARTIDA!!!

Km 1 – Encontrei logo nas primeiras centenas de metros, o Luís e a Fernanda Parro, o Luís ia para a Maratona, a Fernanda para os 14km. E acabamos os dois por seguir o mesmo marcador de ritmo, fazer companhia e dar força um ao outro.

Km 2.5 – Passagem pelo estádio do Bessa.

Km 5 – Na descida da Av. Da Boavista, passo tranquilo a menos de 5´por minuto.



Km 10 – Foi na Av. do Brasil que me aconteceu algo que não deveria acontecer a ninguém, subitamente tive que ir regar as plantas. Já não dava para aguentar mais, perdi uns segundos e posições. 



Km 15 – A ponte Dom Luís é absolutamente maravilhosa. É de uma beleza arquitectónica que não se vê todos os dias. Segundo o que contam, a ponte foi inaugurada em 1886 (tabuleiro superior) e 1887 (tabuleiro inferior) e, devido à ausência do Rei D. Luís I na inauguração, a população do Porto decidiu, em resposta ao acto desrespeitoso, retirar o "Dom" do respectivo nome.

Km  21 – Check Point n.º 1 – 21 km: 1:45:53. Com este tempo, o objectivo das 3h30 estava seguro.

Km 25 – Decisão tardia de abandonar o marcador de ritmo das 3h30 e seguir para a frente. Desde o início da prova que vinha a sentir-me bem, mas não quis arriscar demasiado com medo do muro dos 32 km, ainda assim fui a tempo de recuperar algum tempo e posições.

Km 30 – Chek Point n.º 2 – 30 km: 2:29:13.
O segundo Check Point deu razão a minha tomada de decisão de ir para a frente, pois já estava a ganhar tempo. Segui forte, determinado e seguro.

Km 32.5 – Julgo que em todos os abastecimentos, comi ou bebi qualquer coisa.
O muro dos 32 km não apareceu e eu continuava a sentir-me bem e fresco.

Km 35 e 37,5 – Foi onde senti mais o calor e onde senti necessidade de proteger-me do vento.

Km 40 – Dou o tudo por tudo até a meta, sinto-me bem e começo a pensar que podia ter feito uma melhor prova, caso tivesse saído mais cedo do marcador de ritmo das 3h30.

Km 42,195 – Tempo oficial: 3:28:42 – Tempo de Chip: 3:28:28 – Classificação Geral: 452 – Classificação Escalão 84.




Foi a minha primeira Maratona em estrada, e não há pincéis que descrevam aquele soberbo quadro daqueles momentos bem passados a correr os 42.195 km da Maratona do Porto. Uma cidade linda, uma prova muito bem organizada, num ambiente fantástico. 



E foi com uma felicidade enorme que cheguei a meta da Maratona do Porto. Obrigado mãe, obrigado Filipa.








Nenhum comentário: